O orgasmo é o pico do prazer sexual. Mas, para muitas mulheres, o clímax é difícil de ser atingido (e algumas nunca conseguiram). "Toda mulher pode sentir e sabe reconhecer um orgasmo", afirma Amaury Mendes Júnior, ginecologista, terapeuta sexual e professor do ambulatório de sexologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). "As dificuldades começam a aparecer se ela foi reprimida durante a infância e a juventude e, por isso, não reconhece o seu corpo como fonte de prazer. Nesses casos, o estímulo do parceiro pode ser essencial para que ela se solte e seja feliz sexualmente".
EDUCAÇÃO REPRESSORA: de acordo com a sexóloga Walkíria Fernandes, a primeira condição para que a mulher consiga atingir o orgasmo é o fato de encarar o sexo como algo bom, prazeroso e de seu direito. Se, na infância, foi ensinado a ela que o ato sexual é algo sujo e proibido, um bloqueio será formado. "Assimilando desta forma, fica difícil haver entrega ao desejo e, com certeza, isso impedirá o orgasmo". A especialista afirma, ainda, que, muitas vezes, a educação repressora leva a mulher a contrair disfunções sexuais, como o vaginismo (dor na penetração), já que não consegue se esquecer dos ensinamentos absorvidos na infância e na adolescência.
NÃO CONHECER O PRÓPRIO CORPO: não se conhecer sexualmente pode impedir que o orgasmo aconteça, já que você não sabe qual parte do corpo é mais sensível e o que traz prazer. "A mulher não é tão estimulada a se masturbar quanto o homem, mas precisa entender que isso é fundamental. Só assim, explorando o corpo, se tocando, ela perceberá as sensações que lhe agradam", explica Amaury Mendes Júnior, ginecologista e terapeuta sexual. A sexóloga Walkíria Fernandes afirma que, quando a mulher sabe o que gosta, é capaz de mostrar ao parceiro como e onde prefere ser tocada. "Além disso, durante a penetração, pode buscar o estímulo no clitóris, por exemplo, para levá-la ao orgasmo de maneira mais intensa".
ESTRESSE: o sexo é algo que exige energia e entrega total para que a satisfação aconteça. E se a mulher está estressada, consequentemente, fica impaciente, cansada e pouco disponível para momentos de intimidade. "Quando a relação sexual ocorre com a mulher nessas condições, dificilmente ela conseguirá se concentrar, devido às diversas coisas que ocupam sua cabeça e a excitação não acontecerá", diz a sexóloga Walkíria Fernandes. Segundo a terapeuta sexual Paula Napolitano, o estresse libera cortisol no corpo, substância que interfere em neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer, como a dopamina e a endorfina. "O desejo fica totalmente inibido, o que atrapalha na lubrificação vaginal e dificulta o orgasmo".
PRESSÃO DO PARCEIRO: segundo o ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Júnior, para muitos homens, o orgasmo feminino é uma espécie de prêmio. E a pressão do parceiro sobre a mulher pode virar um problema para que ela alcance o clímax. "A pressão é explícita e a mulher fica preocupada, agoniada, e acaba não conseguindo se entregar ao prazer. Quando o assunto é sexo, quanto mais tentamos chegar a uma resposta, mais longe de nós ela fica", fala. O especialista acrescenta que é preciso conversar sobre o tema, pois pode ser fruto de uma insegurança do homem que acha que, se a parceira não gozar, há algo de errado com ele.
VERGONHA DO PRÓPRIO CORPO: esse problema vem acompanhado de baixa autoestima e, para ser feliz sexualmente, assim como em outros aspectos da vida, é preciso estar bem consigo mesma. De acordo com a sexóloga Walkíria Fernandes, esse tipo de sentimento impede o orgasmo feminino, uma vez que a mulher, presa à insegurança, não conseguirá deixar a tensão de lado. "A mulher que sente vergonha de ficar nua na frente do parceiro, quando fica, se retrai, não consegue aproveitar o ato sexual e alcançar a excitação. Consequentemente, não chegará ao orgasmo".
FALTA DE DIÁLOGO COM O PARCEIRO: não ter liberdade e intimidade para falar sobre sexo com quem você tem relações sexuais pode inibir o orgasmo, pois não conseguir expressar o que lhe dá prazer deixa a mulher insegura e mais ansiosa. "O diálogo costuma ser o maior afrodisíaco para a relação a dois. O casal fica mais íntimo", afirma a sexóloga Walkíria Fernandes. Para a terapeuta sexual Paula Napolitano, conhecer as preferências do par é um grande desafio e, nessa hora, a intimidade pode ser a grande aliada. "Você pode se perguntar como gostaria que o seu parceiro falasse sobre isso ou demonstrar na hora da transa com o próprio corpo, usando as mãos, por exemplo", sugere.
CICLO MENSTRUAL: cada mulher reage de uma forma aos hormônios durante o mês, mas é quase certo que todas terão queda de libido durante a TPM (tensão pré-menstrual). "A semana que antecede a menstruação é a pior para que elas cheguem ao orgasmo. E o motivo é simples: enquanto na ovulação os hormônios estão a toda --e a excitação também--, nessa fase eles entram em queda e o desejo sexual vai junto. Além disso, a perda de serotonina e endorfina, hormônios do bem-estar, trazem variação de humor e concentração, entre outras coisas, como displasia (dor nas mamas) e retenção de líquido, que podem tornar o sexo doloroso", explica o ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Júnior.
EXPERIÊNCIAS NEGATIVAS: abuso sexual ou moral pode dificultar o orgasmo feminino no futuro. De acordo com a terapeuta Paula Napolitano, depois de passar por experiências ruins, a autoestima pode baixar e desencadear disfunções sexuais como consequência do medo de repetir o que passou. "Muitas mulheres chegam ao consultório achando que o problema é físico, por não conseguirem atingir o clímax e, na verdade, é emocional", fala. Outra consequência é passar a fingir o orgasmo sempre, por achar que não vai conseguir, já que naquela vez, no passado, foi ruim e não aconteceu. "Quando a mulher finge o orgasmo, fica mais preocupada em mostrar ao parceiro que está se satisfazendo do que em tirar proveito das suas reais sensações. A excitação e o orgasmo dependem da entrega ao ato sexual. Se é algo fingido, ela não está se entregando, está apenas representando", afirma a sexóloga Walkíria Fernandes.
ANSIEDADE: segundo a terapeuta sexual Paula Napolitano, a ansiedade mais comum na área da sexualidade é em relação ao próprio desempenho na cama, ligada também à preocupação de o orgasmo acontecer ou não. "Esse tipo de angústia pode dificultar a vida sexual de maneira geral, mas ficar pensando se você vai conseguir chegar 'lá' a impede de se concentrar e sentir a excitação. Dessa forma, a chance de não atingir o que tanto anseia acaba sendo muito grande", explica.
REMÉDIOS E ÁLCOOL: alguns anticoncepcionais e antidepressivos podem ter como efeito colateral a queda do desejo sexual, mas é algo muito particular. Por isso, é fundamental o acompanhamento médico. "Sempre que o uso de medicamentos constantes for necessário, é importante o período de adaptação. E se influenciar nas respostas sexuais, verifique com o especialista se o remédio pode ser substituído", fala a sexóloga Walkíria Fernandes. Já o álcool interfere no sistema nervoso central, diminuindo a ação dos hormônios responsáveis pelo prazer, o que dificulta a lubrificação e o orgasmo.
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